16.9.06

Queda D'água












Queria ser rio, profundo...
Fazer meandros por seus segredos
Ser sempre novo e perene...
Lavando na correnteza seus medos
Correr enquanto o tempo esgota
As rupturar de uma alma febril
Queria ser foz, ilha ou fonte...
E nos mirantes do meu peito aflito
Rabiscar teu nome na areia do infinito
Queria até ser chuva
Lavando tuas costas nuas
Coxas duras, fronte, becos e ruas
Mas a vida fez-me queda d'água
Explodindo em fé...
Acariciando os rochedos das dúvidas
Arrancando os galhos do que não me pertence
De tudo que não sinto...
E depois, talvez, açude ou bacia...
Represa de tanto sentir.


Alyne Costa
Brumado, 13 de setembro de 2006

Foto: Cachoeira do Fraga- Rio de Contas, by Alyne Costa

8.9.06

De Um Certo Entendedor


Mafra e suas aplicações na bolsa de valores-By: Alyne Costa


Não é que eu não entenda esta dorzinha que habita meu peito nas horas
de ir embora...
Entendo também esse dialeto de esperança que falo a cada romper de aurora.
Este zigzag dos dias... Nem todos belos, nem todos castelos.
Entendo um pouco da beleza dos Cânticos e das ladainhas a Nossa Senhora.
Entendo porque padre não casa.
Porque mulher quer filho.
Porque filho quer pai.
Porque pai quer namorada.
E porque namorada quer casar.
Entendo, até com certa maestria, porque alguns destinos tornam-se saudades.
Um pouco de alguns estatutos, de corte e costura e certos passos de ballet.
Sei de rezas pra benzer quebranto.
Minha mão pra planta é uma beleza...
Nadar mesmo, só cachorrinho.
Entendo de ouvir as pessoas, de ser engraçada e de contar mentiras.
Entendo algumas coisas por graça sua, outras por esforço e a maioria por ter olhos de ver.
O que não entendo, meu Deus, é a fragilidade das coisas deste mundo.

Alyne Costa
Salvador, setembro de 2006