12.1.06

Eu dou Bandeira


Bandeira, Bandeira...
Se te descubro, adolescente, os versos...
Viveria-os, sorrateira, a vida inteira!

Pirracinha Romântica


Não era platônico porque já declarado
Era amor pirracento...
Peçonhento
Di tipo que ria de si mesmo
Por si vencido e aturdido
Era quase uma idéia fixa
Era um amor clandestino
De remorso entrelaçado
Tipo de amor que amo só por teimosia
Como o de Beu Machado a Lygia Cabus
E eu mesma nem sei se foi mesmo amor
Amei assim: De graça
Só pela Graça

Via Air


CORREIOS
CORRE@@@
COR@@@@@
CORE@@@@
~~~R~IOS

Vôo de Borboleta


Na pequenina rua
Uma borboleta voa
Vidinha leve e à toa
No céu já surge a lua
e a borboleta voa
Como rainha sem coroa
Vai soberana bailando pela tarde que cai
Vai, sem par, costurando voltinhas
Se confundindo entre as flores subalternas
-Tadinhas, não podem voar.
E vai voando seu reinado azul
Antes que a noite a devore
Como a morte devora qualquer palavra.

10.1.06

Das Tantas Mulheres Que Sou


Queria ser já velhinha - olhos miúdos - a fazer renda...
Ser a filha de santo, de branco e patuá - levar oferendas a Iemanjá.
Ser a menina sapeca, com fivelas e sardas e fazer cobras com massa de modelar ... Que a vida é arte, de crescer e criar.
Queria ser perua maquiada, e no alto de um salto me embebedar de perfume e tornar-me fada.
Ser travesti - dourada em punhal e purpurina - que a vida não traz falhas e é feita de muitas esquinas.
Ser vendedora ambulante de sombrinhas, miçangas e loção cicatrizante. Que a vida, vez por outra, é uma pausa no ballet do imprevisto.
Queria ser carola que ora e buscar num cálice o sabor da fé.
Ser meretriz nos arredores das docas. Me vestir e despir pra três amores: o estivador, o capitão e o mar.
E das tantas e tontas que sou, por vezes me arrebento.
Sou desejo e sou lamento.
Mas das tantas mulheres que sou, todas elas estrelas em movimento.
Delas me nutro.
Outras me invento.

Vamos Brincar de Circo


Vamos brincar de deixar a felicidade nos visitar
DE vez em quando vamos brincar de amar
Estreiar o sabor de coisas que eu nunca fiz
Fazer magia com flores
Brincar de ser lua, ser vento, ser atriz
Vamos deixar rolar as lagrimas de nossa inseguranca
De vez em quando voltar a ser crianca
Vamos fazer de conta que tudo ja passou
E que num instante o ato recomecou
Vamos brincar de circo
Palhaco, bailarina no escuro, vela acesa
Vamos abrir mao de qualquer certeza
Tomar banho nus numa represa
Vamos soltar os cabelos pela escada
Vamos dar uma grande mancada
Nos deixarmos cair em qualquer cilada
Vamos sepultar nosso lamento
Atras da serra, na curva do vento
Vamos nos vestir de saudade
Vamos inventar a felicidade!

Para Daniel Caribé

6.1.06

BR 116



Sentaremos na boca da noite
Acenderemos faróis
Ligaremos alarmes, sirenes
Escoaremos por entre os dedos da vida
A alma em chamas, lanceada, ferida
E então olharemos os passos tristes
Que demos ao longo do caminho
Que antes de ser, todo ser é sozinho
E antes de sermos...
E depois de vermos...
Caídos rotos no alçapão do destino
Cada um é o sonho que teve menino
E em que cofre estará guardado o Amor?
Como o ser pode ser sem...
Amores vendidos
Amores partidos
Amores malditos, na boca de alguém.
E quase sempre assim...
Sigo sendo...
O que sou.
O que for.
O que sobrou de mim.

Para Rodrigo Chagas (Bubute)