16.9.06

Queda D'água












Queria ser rio, profundo...
Fazer meandros por seus segredos
Ser sempre novo e perene...
Lavando na correnteza seus medos
Correr enquanto o tempo esgota
As rupturar de uma alma febril
Queria ser foz, ilha ou fonte...
E nos mirantes do meu peito aflito
Rabiscar teu nome na areia do infinito
Queria até ser chuva
Lavando tuas costas nuas
Coxas duras, fronte, becos e ruas
Mas a vida fez-me queda d'água
Explodindo em fé...
Acariciando os rochedos das dúvidas
Arrancando os galhos do que não me pertence
De tudo que não sinto...
E depois, talvez, açude ou bacia...
Represa de tanto sentir.


Alyne Costa
Brumado, 13 de setembro de 2006

Foto: Cachoeira do Fraga- Rio de Contas, by Alyne Costa

5 comentários:

Osair de Sousa Manassan disse...

Oi, ALyne. Obrigado pelo carinho de seu comentário. Pelo pouco que li, você é uma poeta admirável (não gosto da palavra "poetisa").
Escreva mais e sempre.
Beijos e parabens.

Anônimo disse...

olá
passei por aqui e adorei o que li.
deixo um poema à consideração de todos os que tb como eu por aqui passam e desejo uma boa semana com muita felicidade e amor.
xi-coração do
herc




(Xavier F. Conde)

Quero fazer uma confissão...

Quero fazer uma confissão esta noite
porque a noite e a rua foram jantar juntas.
Quero dizer que amo uma mulher
cujo corpo não me dá
o seu calor esta noite,
cuja ausência é um ronsel laranja.
Quero dançar com minha sombra
para que o seu rumor chegue até ela
e ela saiba que eu lhe dou a noite,
toda senhora.
Quero escrever coisas que não se esvaeçam
com o sol,
que a chuva as faça flores
que cheirem a ela.
Quero que as minhas mãos voem,
voem em silêncio
onde ela guarda os seus sonhos...
sonhos que me pertencem
porque eu lhe pertenço.
Quero que ela fique, fique sempre,
quero ser a sua voz
quero ser o seu sorriso verde,
quero ser a sua chuva no cabelo,
quero amá-la mais do que ninguém
ama ninguém.
Quero dizer-lhe, aqui e agora, que a amo
com a minha voz baixa,
com o meu ar de outono lento,
com o meu sabor de beijos possíveis.
Quero que os pássaros sejam
os meus mensageiros de saudade.
Quero que o mundo comece quando ela vir.
Quero sonhar acordado com o seu tacto entre as
minhas mãos
a percorrer ela em silêncio o meu peito
e acordar com ela junto de mim,
calada e doce.
Quero só eu dizer-lhe sentimentos
que aceleram o coração,
o seu coração apaixonado,
eu gosto da sua timidez.
Quero nadar na sua boca sem horizontes.
Quero os versos todos do planeta
a falarem dela,
versos curtos de violetas,
versos firmes de cravos,
versos perfumados de rosas.
Quero suster os seus pés no ar
e trazer ao seu peito gaivotas fiéis
que sempre deixam pegadas na praia.
Quero ser eu no seu corpo
da alva ao sol-pôr,
de lua a lua
de eternidade a eternidade.
Quero amá-la até o meu último alento.

cafundó disse...

Que poema lindo, Herculano

Adriana disse...

Sou também, uma "represa de tanto sentir..."

Lindo!

Beijo.

MM disse...

Que benção esta poesia, estou até me sentindo leve...bjão