20.4.07

Sobreviventes

Cabeça de Alho, by Alyne Costa, 2007




Perguntas sobre um abismo:
Eis-me.
Perguntas sobre lei.
Nada sei. Finjo. Desvio. Confissão.
Padre, missa. batismo, lua, concepção...
Perguntas sobre o horizonte:
Fonte.
E um doce saboroso surge dentre as louças da prateleira.
Um vinho do Porto.
Mares.
Naufrágios.
Resto-me inteira.
A boiar sobre cada questão.
A enfrentá-las despida da fera que me habita.
E se não me perguntas nada, nada sou.
Passo a habitar o labirinto dos mistérios que me transbordam.
Calo-me, catatônica.
E me apresento em paisagens camponesas.
E, talvez, em destrezas de miragens.
E se perguntas demais, me sobro aflita.
Eu não sou inventada, nem rasa.
Sou mulher, profana e insana.
Tantas vezes distante.
Noutras te enlaço.
Como se aquele passado fosse tão somente o passo.
De um baile absurdo que desfila entre nossas sementes.
Entre o desejo insano que crava os dentes.
E que grita aleluia, por sermos amantes...
Sobreviventes!

Brumado, 20 de Abril de 2007
Alyne Costa

Para C. A. P. J.

3 comentários:

Cristiano Contreiras disse...

Seu blog sempre com um conceito e escrita de plena beleza, adoro!
beijos

Braga e Poesia disse...

belissímo poema, não o conhecia. traduz os conflitos internos que assolam as pessoas, mas encaminha decisão, e marca uma firme vontade.

Anônimo disse...

Adorei seu blog,
nasci na Bahia mas vivo em SP e seu blog me fez sentir em casa.