15.8.06

A Lágrima, o Espelho e Eu


Ainda não deu tempo de ter saudade
Ainda não deu tempo de parar pra pensar
De doer tudo que há pra doer
De chorar quando o leite todo já derramou
Fostes como chegastes: Sem certeza alguma
E assim sem pressa... Sem muita explicação
Restaram-me a lágrima e o fosso da tua ausência
Estou como esta lágrima que rola na face sem timidez
Que cai do meu rosto na rua, em plena multidão
Estou como o lixo escondido embaixo do tapete
Ainda não deu tempo de abrir o gás
Ainda não deu tempo de limpar a casa
De ir embora pra onde der pra ir
De olhar pro lado e ver um riso novo
Sempre fostes metade! Parte tua vagava pelo abismo dos medos
E assim sem pressa... Sem entrega plena...
Restaram-me a lágrima e a cadeia da minha própria liberdade
Estou nas grades sem querer sair
Sem forças ainda pra andar pelas novas estradas acima das montanhas
Restaram-me a lágrima o espelho e eu
Eu... Buscando compreender o que ainda sou
Eu... Buscando dimensionar o que posso ser
Eu... Buscando aprender com o que fui um dia
Restaram-me a lágrima, o espelho e Eu!

Alyne Costa
Salvador, agosto de 2002

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