15.8.06

Sua Ausência


Sua ausência me traz vazios
Me queimo em cinzas
Ardo em calafrios
Sua ausência dura mais que um dia
Acendo incensos, velas
Zelo as horas em agonia
Sua ausência me preenche e me faz oca
E, nua no armário, abro um guarda-chuva
Sua ausência me corrói e me faz louca
E queimo vestidos num ferro de passar
Sua ausência me traz bebedeiras e transes
E me rouba qualquer verossimilhança
Sua ausência me traz suores noturnos
Me faz dar flores aos porteiros
Me faz ligar pro auxílio-suicídio
Me faz criar códigos e romper leis
Sua ausência me faz atrasar as contas
Me traz analogias entre Duchamp e Forest Gump
Sua ausência é cirurgia sem anestesia
Eutanásia de amor
Desperdício de licor
Sua ausência me faz reler Camões
Me torna histérica e inconstante
Sua ausência é uma droga barata
Posto que aprendi e não sei mais errar
Essa vida que é dobra de tua alma
Estrada sem luz pra um inverno: Amar.

Alyne Costa
Salvador,março de 2005

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